Claudia Dalpiaz

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Claudia Dalpiaz, 43 anos, empresária, mas do Enzo de 16anos e esposa do Maurício Dalpiaz. Realizadora da Expo Tattoo Floripa, atualmente na 6a. Edição, evento que além de tratar da arte, também sempre teve suas portas abertas para a causa oncológica e social. Durante 3 anos já vinhamos falando no evento, dos cuidados e da importância da prevenção do câncer. Mas, o sentimento é de q nunca vai acontecer com a gente.

 

Quando a gente descobre é um turbilhão de emoções e pensamentos... a gente precisa de aconchego e colo. Se dá conta que temos prazo de validade e q Pode estar muito próximo. Na ânsia de cuidar e proteger, minha família e amigos próximos me carregariam no colo até hoje se eu permitisse. Desde o primeiro momento sempre me fizeram sentir cuidada.E eu como uma workaholic, e totalmente independente, tive que aprender e me deixar ser cuidada. Justamente eu, que sempre "cuidei de tudo e todos ".

 

Há 9 anos perdi meu pai para um metastasico de pulmão, e como o tratamento e passagem dele foi "tranquilo"... isso também me ajudou a não sofrer tanto durante o meu tratamento. Desde o momento que encarei essa doença, decidi que não deixaria ser dominada pelo "monstro"...resolvi tratar como uma grave "pneumonia", uma doença grave, que se não tratada corretamente pode levar a morte.

 

Uma parte difícil pra mim, foi aprender a lidar com as pessoas que quando ficam sabendo da minha doença, me olham com cara de "coitada" "tadinha" "vai morrer". Ué, morrer todo mundo vai... um dia. E lidar com isso foi um desafio, mas hj tiro de letra. Hoje vejo minha vida de uma forma completamente diferente de antes do câncer. Tenho mais vontade de viver, já não me estresso por coisas pequenas e minhas prioridades tbm mudaram. Penso primeiro em mim, pois entendi que se eu estiver bem, posso ajudar mais as pessoas do q se eu pensar no outro antes de mim. Se eu não consigo sair de casa, me permito assistir uma series de TV, filmes, tiro da gaveta ou armário aquele bordado para terminar, ou aproveito e arrumo o guarda roupas( "pois a gente nunca tem tempo..."). E como fiz sem cabelo ? Curti minha careca desde o início. Mas tbm usei lenço e peruca, foi divertido acredite. Permitir-se divertir, e ser feliz nesse período difícil, foi muito importante pra mim. Assim como me permitir ficar triste, porém não confundir com viver triste. Meu marido foi fundamental nessa parte, pois sempre que a tristeza queria se instalar, ele me puxava pra cima.

 

E aprendi que o câncer não é o fim. Eu não escolhi ter câncer, mas escolhi como passar por isso. Escolhi viver um dia de cada vez, e acho que todo mundo deveria viver assim, pois nunca sabemos o que pode nos acontecer no momento seguinte. Aproveitar cada momento da melhor forma possível.